Reuni

Para pensarmos nos desafios colocados para nós, estudantes da UFRJ, é importante entendermos no contexto em que estamos inseridos. Ataques aos serviços públicos, privatização, cortes de orçamento e precarização são uma realidade em todo o país. Contra isso, muitos trabalhadores lutam e organizam mobilizações. Nesse cenário, os mesmos governo que cortam verbas da educação para salvar empresários e banqueiros, atacam o direito de greve dos trabalhadores, como esta ocorrendo no Incra, no judiciário e pelas
mãos de José Serra na USP.
No contexto da falta de verbas para a universidade e dos ataques do governo Lula à educação, vivenciamos hoje uma realidade muito diferente e que precisa ser encarada de frente: o Reuni não é mais um projeto abstrato, que irá se manifestar na UFRJ e outras universidades futuramente. Pelo contrário: o Reuni é, hoje, parte do dia-a-dia dos estudantes. As conseqüências da precarização são sentidas na pele e, em cada unidade da UFRJ, pipocam problemas diariamente. Como sabemos, o Reuni, defendido com unhas e dentes pela União Nacional dos Estudantes, utiliza um mecanismo de chantagem para condicionar o repasse de verbas às universidades à aceitação, pelas instituições de ensino, de seus planos de precarização. O decreto obriga as universidades a dobrarem o número de alunos e, para tanto, oferece um acréscimo de no máximo 20% em seu orçamento, “condicionado à capacidade orçamentária do MEC”. Não é preciso dizer que, quando o MEC sofre mais um drástico corte em seu orçamento, o repasse dos já insuficientes 20% de acréscimo na receita dasuniversidades é gravemente comprometido.
Sem a garantia de verbas e contratação de professores e funcionários para atender ao crescente número de alunos, tanto a formação dos estudantes como o caráter do conhecimento produzido e o trabalho na universidade são gravemente afetados. É o que estamos observando claramente na UFRJ. As conseqüências concretas da aplicação do Reuni na nossa universidade colocam a tarefa de organizarmos lutas em todas as unidades, construindo pautas de reivindicações em torno aos problemas específicos e unificando-as em mobilizações amplas contra esse projeto. Sob essa perspecitva, construímos no ano passado a Campanha Revida, Minerva!, que dá nome a esta chapa, como uma forma de organizar as lutas diante da paralisia do DCE. Nas duas últimas gestões, a entidade foi incapaz de propor lutas concretas e nas unidades contra o Reuni já transformado em realidade.
Parte dessa campanha foi a luta travada pelos estudantes da EEFD neste período, que culminou com uma paralisação estudantil e um ato que contou com cerca de 150 pessoas. A luta garantiu o comprometimento daReitoria com importantes pautas, como a construção de uma biblioteca para o curso, o fim do ponto dos trabalhadores terceirizados fora do local de trabalho e uma comissão de negociação para muitos outros itens, comoa reforma estrutural da EEFD e mais.
Precisamos ampliar essa experiência e organizarmos lutas em cada unidade! Exemplos de problemas não faltam: em Macaé, os alunos até hoje não têm alojamento gratuito e sofrem com a falta de salas, laboratórios
professores. Os novos cursos noturnos de licenciatura, além de terem currículos limitados, negam aos trabalhadores que só podem estudar à noiteuma formação crítica e aprofundada, reafirmando a divisão entre quem produz conhecimento e quem o reproduz. Temos que lutar contra essa precarização, por iguais oportunidades de aula para licenciatura e bacharelado e contra a divisão dos cursos como forma demagógica de expansão de vagas! Os estudantes do CCS, por sua vez, enfrentam a falta de salas de aula capazes de comportá-los e a dificuldade de acesso aos laboratórios, dado o inchaço das turmas. Já a criação do Bacharelado em Ciências da Matemática e da Terra, sob o discurso da ampliação de vagas, significou sua restrição: para viabilizar o novo curso sem o aumento de verbas, foi preciso cortar vagas dos outros cursos do CCMN.
Esses e muitos outros exemplos evidenciam a necessidade de organizaçãodos estudantes para a garantia de uma expansão de qualidade na UFRJ. É preciso compreender que a luta em defesa da educação e contra o Reuni na UFRJ passa, necessariamente, pelo enfrentamento ao Plano Diretor da Reitoria Entre outros absurdos, ele prevê a construção de uma “moradia universitária” paga, a utilização de espaços da universidade para a construção de shoppings e a ocupação cada vez maior do Hospital Universitário pelos laboratórios privados. Em contrapartida, não prevê um centavo de investimento nos campi do Centro e Praia Vermelha, como chantagem para que se transfiram para o Fundão e, assim, viabilizem a criação dos cursos genéricos de curta duração. Este projeto é implementado não só pela reitoria mas pelo CONSUNI e diversas estruturas anti-democráticas, onde os estudantes e técnico-administrativos estão completamente sub-representados e que precisamos enfrentar, transformando-as profundamente como parte da luta para democratizar a universidade.
É preciso dizer um taxativo NÃO ao Reuni e ao Plano Diretor para defender a UFRJ. Precisamos avançar em nossas lutas e protagonizar novos momentos como a ocupação de Reitoria em 2007 e os grandes atos do
primeiro semestre de 2008. Para tanto, o nosso DCE precisa estar comprometido com essa luta, superando a paralisia das últimas gestões que, mesmo tendo como principal bandeira o enfrentamento ao Reuni, se abstiveram de tocar essa luta de forma conseqüente. Além disso, como parte dessa e de outras lutas, defendemos aconstrução do Congresso Interno da UFRJ como uma necessidade para que o movimento estudantil nanossa universidade coloque seus debates e suas práticas em outro patamar.
 
Vote Chapa 4, contra o Reuni e
por uma expansão de qualidade!